Especialistas debatem, durante a 3ª Oeste Rural Show, soluções para a agropecuária dentro do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP). Com os avanços das novas tecnologias e o aprimoramento do acesso às informações, os desafios devem ser encarados como oportunidades, mas existe um alerta: acompanhar as mudanças será decisivo para continuar na atividade no campo.
Para o economista e consultor Francisco Villa, é fundamental que a busca por informação e atenção aos avanços tecnológicos se transforme em rotina.
“O novo normal do Agro é diferente para cada propriedade e para cada pessoa. De modo geral, essa nova realidade implica ao produtor se informar sobre o que está acontecendo, usando as fontes que temos hoje na internet, e nas cooperativas e sindicatos”, defende o especialista.
Villa destaca que avanços como o Chat GPT, ferramenta de inteligência artificial que interage por meio de perguntas e respostas aos mais variados temas, e que na avaliação do economista, deve ser usada no campo. “Hoje é mais importante sabermos formular perguntas para obter informações”, destacou.
Apesar das novas tecnologias, o consultor chama atenção que antigas ferramentas como a interlocução e interação entre os produtores é fundamental. “Cada produtor tem a sua realidade, com suas peculiaridades, mas é importante constatar e compreender que não é possível continuar fazendo sempre o mesmo que se faz há séculos, pois isso inviabiliza a atividade. Quem estiver junto com a evolução vai aproveitar, quem não se interessa vai sumir do mercado”, defende o economista.
Para o zootecnista doutor em produção animal (Unesp), Rogério Marchiori Coan, um dos grandes desafios é o aumento da produtividade, principalmente na pecuária dentro do ILP, já que o setor está sofrendo a redução na margem de lucro.
“O produtor pode tornar a atividade pecuária dele muito rentável, desde que ele faça a condução correta da aplicação das novas tecnologias. A grande vantagem da ILP é que ela tem revertido muito o processo produtivo de uma pecuária do passado para a pecuária do futuro”.
Coan aponta que grande parte da pastagem no Brasil está em intermediária ou avançada degradação, e que os criadores não possuem capital para reverter esse processo, para intensificar essas áreas por meio de fertilizantes corretivos e insumo
“A ILP vem ao encontro com essa necessidade do pecuarista de aumentar a produtividade. Nós temos hoje que a pecuária média no Brasil produz 4,18 arrobas por hectare. Sabemos que com esse número não é possível ter sustentabilidade econômica. Ao passo que na medida em que o pecuarista vai melhorando essas pastagens, promovendo rotação de cultura na fazenda, em curto espaço de tempo, entre dois e cinco anos, passa a ter uma fazenda com elevado potencial produtivo. Com isso, pode ter uma receita triplicada em seu projeto. Porque pode ter atividade de soja, milho e depois pasto, três safras dentro da mesma área” aponta.
Na avaliação do professor doutor em zootecnia, Gustavo Rezende Siqueira, lucratividade e produtividade andam juntas. “Muitas vezes alguns temas são negligenciados na fazenda. Lucratividade e produtividade andam juntas e o produtor precisa estar atento onde aumenta os investimentos e ver que a fazenda dele é um negócio, e tem que se preparar e capacitar, porque é um desafio constante”, aponta.
Na avaliação do especialista em soluções em energia para o agronegócio, Andriolli, o rei do agro, a energia é um dos custos da produção na qual muitas vezes o produtor enfrenta problemas, mas que já existem sistemas de energia solar que estão dando uma resposta eficiente a esse problema.
“Por isso é muito importante mostrar as tendências e soluções em energia para o agronegócio. Uma delas para a pecuária, o bombeamento para bebedouros de animais, é possível economizar energia, economizar estrutura e utilizar a energia solar ao lado do bebedouro, se estiver sol o bebedouro vai estar cheio, se estiver chovendo, o bebedouro vai estar cheio. É uma praticidade e uma necessidade, porque sabemos que falta energia. O produtor solar pode economizar de diversas formas, por isso eficiência energética é fundamental”.
O debate aconteceu durante a 3ª Oeste Rural Show, realizada pelo Sindicato Rural de Pontes e Lacerda. A feira segue com programação até sábado (3). Além de palestras, também 50 expositores estão negociando diversos produtos e serviços voltados ao sistema ILP.