A quadrilha de Mato Grosso presa nessa quarta-feira (6) suspeita de aplicar golpes do WhatsApp em 15 estados do país movimentava cerca de R$ 10 mil por dia, segundo o Ministério Público de Minas Gerais.
Sete pessoas foram presas em Cuiabá e Várzea Grande suspeitas de integrar a organização criminosa especializada no uso de dados pessoais de terceiros para a prática de crimes de estelionato por meio do WhatsApp. Em apenas uma das casas, foram encontrados 58 chips de celulares utilizados para aplicar os golpes
Foi pedido o bloqueio de R$ 1,8 milhão para ressarcimento das vítimas.
Golpes no WhatsApp: como se proteger e o que fazer se for vítima
Durante coletiva realizada pela órgão, a promotoria informou que a organização dividia as funções dos membros basicamente em dois núcleos.
O núcleo operacional era responsável por obter dados das vítimas, habilitar chips de telefonia para uso exclusivo na aplicação de golpes, enviar mensagens de WhatsApp para as vítimas se fazendo passar por familiares delas e solicitar a transferência de valores para contas que indicavam, alegando tratar-se de situações urgentes.
O núcleo financeiro, por sua vez, era responsável pelo fornecimento de contas bancárias e chaves PIX para serem indicadas às vítimas, pelo recebimento dos valores oriundos dos golpes e pelo seu rápido saque ou transferência, de modo a evitar a recuperação do prejuízo pelos ofendidos e a garantir a distribuição do proveito ilícito entre os membros da organização.
Segundo apurado, muitos dos estelionatos consumados foram cometidos contra vítimas de Minas Gerais.
Os indícios até o momento colhidos indicam que a organização criminosa movimenta a quantia aproximada de R$ 10 mil por dia útil, o que representa cerca de R$ 1,8 milhão de prejuízos ocasionados às diversas vítimas.
Segundo o promotor Mauro Ellovitch, esses dados pessoais são adquiridos em programa de cruzamento de dados, e bases de dados na darkweb, sem precisar conhecer as vítimas.
A operação, chamada de Camaleão, foi realizada pelo Ministério Público e pela Polícia Militar de Minas Gerais com apoio das instituições do Mato Grosso.
O que diz o WhatsApp
Em nota, o WhatsApp afirmou que, por utilizar criptografia de ponta a ponta como padrão, não tem acesso ao conteúdo das mensagens trocadas entre usuários.
"O aplicativo encoraja que as pessoas reportem condutas inapropriadas diretamente nas conversas, por meio da opção “denunciar” disponível no menu do aplicativo (menu > mais > denunciar). Os usuários também podem enviar denúncias para o email support@whatsapp.com, detalhando o ocorrido com o máximo de informações possível e até anexando uma captura de tela", disse, em nota
O WhatsApp afirmou ainda que, para cooperar com investigações criminais, pode "fornecer dados disponíveis em resposta às solicitações de autoridades públicas e em conformidade com a legislação aplicável".