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POLÍTICA

Eleito com discurso anticorrupção, Taques encerra o seu mandato delatado e isolado


Governador Pedro Taques (PSDB), que se elegeu  em primeiro turno em 2014 com 57,25% dos votos e  como novidade no cenário político nacional, encerra o mandato derrotado, amargando a terceira colocação na tentativa de reeleição e sem sequer conseguir pagar o 13º de parte do funcionalismo. Além disso, seu discurso anticorrupção ruiu ao longo do mandato com membros do staff envolvidos em escândalos e no final tendo seu próprio nome citado em delações premiadas homologadas pelo Judiciário.  

Logo no início da gestão, quando ostentava grandes índices de popularidade e chegou a ser lembrado como alternativa à presidência da República em 2018, Taques abandonou o PDT pelo qual iniciou a carreira política e aderiu o PSDB sob a benção dos tucanos mais emplumados. Ao mesmo tempo, o Executivo trocou o nome dos programas herdados da gestão anterior, anunciou centenas de ações para serem tocadas por um secretariado estritamente técnico e prometeu concluir e retomar o VLT e as obras da Copa.  

No final das contas, grande parte das ações não saiu  do papel. Os técnicos, aos poucos foram substituídos por políticos na tentativa de salvar a interlocução com os Poderes e a sociedade. O VLT chegou a ter a solução encaminhada, mas a Operação Descarrilho, desencadeada pelo Polícia Federal após o ex-governador Silval Barbosa ter confessado pagamento de propina para viabilizar o modal, impediu a retomada e o cumprimento da promessa de campanha por Taques. 

Outra marca da gestão do tucano foi a dificuldade de diálogo com os diversos segmentos. Taques passou quatro anos às turras como os chefes dos Poderes e órgãos constitucionais pelos constantes atrasos nos duodécimos e não pagamento de emendas aos deputados estaduais. A dificuldade de relacionamento com prefeitos, devido a atrasos em repasses para saúde, educação e até mesmo do ICMS, também foi evidente nestes quatro anos. Além disso, uma greve geral de mais de um mês dos servidores estaduais ficou para a história, fortalecendo a oposição, que defendeu o pagamento integral da Revisão Geral Anual (RGA).

Diante da dificuldade de cumprir as promessas de campanha, Taques e sua equipe lançaram uma ação de apelo popular e visibilidade. A Caravana da Transformação alcançou todas as regiões de Mato Grosso, com cirurgias oftalmológicas e serviços de cidadania, levada a cabo até o prazo limite permitido pela legislação eleitoral. 

Ocorre que a Caravana da Transformação também não escapou dos supostos esquemas de corrupção e foi alvo do MPE. A Operação Catarata foi deflagrada para investigar possíveis fraudes justamente no pagamento das cirurgias oftalmológicas. 

Corrupção e prisões 

Dois escândalos marcaram o Governo Taques. O primeiro foi na secretaria estadual de Educação (Seduc), desmantelado pela Operação Rêmora, que resultou na prisão do ex-secretário Permínio Pinto (PSDB). O outro foi a chamada Grampolândia Pantaneira, que colocou atrás das grandes o primo do governador e ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques e outros ex-secretários: coronéis Evandro Lesco (Casa Militar), Airton Siqueira (Justiça e Segurança), o delegado Rogers Jarbas (Segurança Pública), além de integrantes do segundo escalão. 

Paulo Taques também foi preso na Operação Bônus, segunda fase da Bereré. Neste caso, o alvo de investigação é esquema de corrupção no Detran. 

Neste mês, o ex-secretário de Meio Ambiente André Baby também passou pela prisão. A detenção foi no âmbito da Operação Pollygnum, do MPE, que apura fraudes na emissão do Cadastro Ambiental Rural (Car). 

Abandono e rupturas políticas 

A Gestão Taques, em especial neste último ano, foi marcada pelo abandono de aliados e rupturas políticas. A maior parte dos 12 partidos que apoiaram sua eleição em 2014 não participou do projeto de reeleição neste ano. 

Em abril, 31 lideranças políticas de Mato Grosso, incluindo o próprio ex-vice-governador Carlos Fávaro - que renunciou ao cargo em abril - e diversos ex-secretários de Estado, divulgaram carta expondo os motivos de apoiarem a reeleição de Taques. Segundo o documento, o tucano decepcionou os mato-grossenses ao não promover as mudanças que a sociedade almejava.

Por RDNEWS